Que a compreensão libere a energia criativa que existe em nós.

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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Troca do substrato: por que é necessário? -Nickyfury

Eu abordo esse tópico para esclarecer aos iniciantes sobre a importância e relevância do reenvase ou replantio periódico, que deve ser realizado constantemente pelo cultivador. Parece algo simples, mas a dura realidade e verdade é que muitos bonsaistas desconhecem esse procedimento, ou o motivo para realiza-lo, se preocupando apenas com podas, aramação, adubação, rega, cultivo e intervenções outras. Então, quando suas plantas parecem não estar se desenvolvendo como deveriam, ficam sem saber a razão. 

Ao deixarmos uma arvore crescer num mesmo vaso, sem trocar seu substrato periodicamente, a tendência dentro de alguns anos é que as raízes encheriam o recipiente totalmente, e quando chegassem a isso, a agua da rega diária e o oxigênio necessário às raízes, não iriam circular no interior do substrato como deveria. Sem agua e sem ar, as raízes não podem alimentar-se adequadamente, e fatalmente a arvore iria definhar, secar e morrer, sem salvação. 

Antes de ocorrer isso, é bem provável que a falta de oxigenação nas raízes levaria a seu apodrecimento, devido ao que chamamos de asfixia radicular. Além disso, temos que considerar que as raízes também envelhecem e em poucos anos só haveriam raízes grossas, eliminadas então as finas raízes capilares, que são as principais captadoras de nutrientes e umidade no interior do substrato. (raízes grossas, salvo o nebari, não têm no vaso a mesma finalidade que no solo: sustentação). Portanto, raízes grossas são sempre as primeiras a serem cortadas fora, quando reenvasamos uma arvore. 

Nesse ponto sem volta, chegaria então o momento em que o substrato deixaria de ser um meio adequado para o desenvolvimento da arvore. Gradativamente o tamanho dos grânulos do substrato iriam se tornando cada vez menores, até se converterem em pó, compactando em demasia o solo, impermeabilizando-o, quando então esse substrato perderia sua capacidade de reter agua, ar e nutrientes. 

O transplante e a poda de raízes servem, portanto, para a dupla função de renovar o substrato e fortalecer o desenvolvimento do sistema radicular da arvore, rejuvenescendo-o continuamente. 
Importante termos em mente que a frequência do transplante (ou reenvase) irá depender muito da espécie cultivada. Normalmente as raízes de espécies de folhas caducas crescem mais rápido que as de folhas perenes. As arvores jovens crescem também mais rápidas que as velhas, de modo que por isso precisam de um transplante mais frequente. O clima também é um fator a ser considerado nessa equação, pois ele influi no ritmo de crescimento. Além disso, também podemos prever e modificar a frequência com que transplantamos a depender do plano de construção do nosso bonsai. 

Por exemplo: se quisermos um crescimento rápido, iremos transplantar com menos frequência; se buscamos uma ramificação fina, o transplante deverá ser realizado todo ano, porem, fique atento, pois: se as raízes começam a sair pelos orifícios de drenagem, a agua não drena bem, as folhas ficam murchas, significa que o transplante é de caráter urgente. 
Costumo dizer que fazer bonsai é fácil, bem simples mesmo. Fazer bonsai com qualidade técnica superior, porém, exige um pouco mais do cultivador. Mas todos nós, mais cedo ou mais tarde, iremos aprender que um dos fatores de sucesso no cultivo de um bonsai reside justamente na troca do substrato antigo por outro novo, no reenvase ou replantio do bonsai, quando eliminamos parte de seu sistema radicular antigo, dando vezo para que novas raízes venham a complementar e dar continuidade ao trabalho iniciado pelas antigas raízes, o que certamente poderá ser observado na parte superior, isto é, no tronco, galhos, ramificações e brotações da arvore que cultivamos. 

Geralmente, temos que as coníferas (pinheiros, juniperos, principalmente) devem ser reenvasados em espaço de tempo maior que as demais, aqui incluídas: fícus, piracanta, resedá, carmona, serissa, pitangueira, jabuticabeira, aceroleira, celtis, caliandra, ptecolobium, aceres, etc., que pedem reenvase em período de tempo menor, sendo que esse período pode ainda variar de espécie a espécie, a depender. Assim, algumas espécies como por exemplo o fícus, celtis e serissa, por exemplo, geralmente têm um sistema radicular com crescimento mais acelerado que uma carmona, caliandra ou jabuticabeira, então teremos que considerar isso quando do reenvase. 

Podemos afirmar, considerando os aspectos elencados acima, que quando coníferas, o reenvase poderá ser realizado a cada dois ou três anos, chegando até um máximo de cinco anos, e as demais devem obrigatoriamente serem reenvasadas em espaço de tempo menor, variando de um a dois anos no máximo (algumas, com três anos começam a sofrer o processo de deterioração explicado inicialmente). 
Grave bem, portanto: a saúde da arvore depende das raízes e a saúde das raízes depende do substrato. Num vaso de bonsai essa relação é muito importante, e a escolha correta do substrato irá definir um bom resultado no cultivo. Isso implica então que o tamanho dos grânulos do substrato terá um papel fundamental nessa questão, pois o espaço existente entre os grânulos manterão o que se denomina capilaridade, que é uma interação entre a umidade necessária às raízes e a circulação do oxigênio nelas. 

Dependendo da porcentagem em que se encontram os três elementos: agua, ar e terra, iremos alterar as proporções da nossa mistura de substrato (que definirão, por sua vez, boa drenagem, oxigenação e retenção – tanto liquida quanto de nutrientes aportados). Regra geral, quanto maior for o granulo, maior será então a porcentagem de agua e ar em circulação, o que irá influir no crescimento/desenvolvimento das raízes. 

Ora, perguntam: como o oxigênio poderá influir? Quanto maior for a porcentagem de oxigenação, mas rapidamente irão crescer as raízes (maior volume radicular, raízes mais grossas), e ao contrário, quanto menor seja a porcentagem de oxigênio, menos as raízes crescem, atrasando o desenvolvimento da planta como um todo. 

Aqui, portanto, há um segredo embutido: se cultivamos arvores novas, jovens, e buscamos seu desenvolvimento, iremos utilizar então grânulos maiores na composição do substrato (caco cerâmico e pedriscos maiores, p.ex.), mas se temos um bonsai pronto, finalizado, então iremos usar grânulos menores ou mais finos. 

Por isso, ao reenvasar ou replantar, sempre iremos usar um novo substrato, trocando-o pelo anterior, que descartaremos, pois com a rega diária sabemos então que os grânulos irão se desfazendo aos poucos, compactando o solo até que este fique apenas o pó, ou uma pasta argilosa, que causa encharcamento pela absorção excessiva e retenção excessiva da agua da rega, impede a circulação do oxigênio nas raízes, e não permite uma correta da absorção, por parte delas, do aporte regular de adubação que realizarmos.

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